Wanderlino
Arruda
Quanto
tempo
Olyntho
Silveira,
quanto
tempo,
amigão,
estou
lhe
devendo
um
comentário
sobre
seu
livro
“Cantos
Chorados”!
Será
que,
intimamente,
eu
estava
temendo
dizer
ao
quase
centenário
Olyntho
que
sua
felicidade
de
ter
sempre
ao
seu
lado
a
querida
Dona
Yvonne,
lhe
tirou
o
mérito
de
ser
reverenciado?
Será
que
eu
temia
tanto
discordar
do
amigo,
a
quem
prezo
tanto
a
inteligência
e
a
lógica,
agora,
quase
isolado
de
sons
e
de
luzes
numa
cadeira
de
rodas
e
dentro
de
casa?
Quero
dizer-lhe
que
os
seus
“Cantos
Chorados”
me
fizeram
triste
com
amargor
da
primeira
parte,
um
pranto
tardio,
confissão
perigosa
para
jovens,
quase
fel
inesperado
para
quem
conheceu
sempre
a
alegria
de
viver,
o
interesse
pela
vida
e
pelas
coisas,
você
um
formal
criador
de
admiração
por
toda
parte.
Os
versos
“Eu
vim
passando
pelo
tempo,
/
porém
sempre
chorando,
/
antevendo
o
fracasso”
estão
realmente
bem
tristes!
Afinal,
o
que
preocupar
tanto
com
a
religião
dos
outros,
se
martirizando
com
as
mudanças,
com
a
evolução
natural,
que
nem
você,
nem
ninguém
pôde
ou
pode
segurar
no
tempo
ou
no
espaço?
Afinal,
você
diz
no
“Credo”
acreditar
no
criador
dos
mundos,
“Chamem-no
Deus
ou
mesmo
natureza”!
Nada
a
ver
com
o
que
os
outros
pensam
ou
como
agem,
transformando
até
alegrias
em
desilusão.
Veja
como
a
segunda
parte
do
seu
livro
é
toda
uma
certeza
no
destino
humano!
Maria
Luísa,
a
neta,
começou
para
você
novo
ciclo
de
vida,
a
inocência,
o
sonho,
a
luminosidade
do
futuro.
Depois
dela
você
passou
a
saber
que
a
vida
é
prece
alegre
como
luzes
e
brisas,
como
rios,
como
pássaros,
como
árvores
em
tempo
de
chuva
e
em
tempo
de
flores.
Deus,
Olyntho,
traz
sempre
uma
mensagem
de
esperança
de
novo
encontro,
novo
reencontro.
A
vida
é
eterna,
luz
que
não
se
apaga,
indescritível
soma
de
momentos,
muitos
deles
supremamente
felizes
e
gratificantes.
Você
mesmo
deu
a
resposta
no
soneto
“Remorso”,
quando
fala
nas
“lágrimas
que
a
noite
chora,
/
cintila
na
florinha
que
reponta
/
escondida
num
galho,
donde
aflora”.
É
a
beleza
da
existência,
o
universo
numa
gota
de
orvalho,
que
Olyntho
poeta
sabe
ver
e
apreciar.
No
“Canto
a
Morfeu”,
você
dispensa
de
alguém
lhe
dar
a
chave
que
venha
abrir
as
portas
do
futuro.
“Quando
à
noite
vens
/
devagarinho
os
olhos
meus
cerrar,
/
ao
despertar-me
eu
fico
a
avaliar
/
o
simbolismo
terno
que
deténs”.
Passe,
amigo,
do
fugaz
ao
eterno
e
eis
a
continuidade
sublime
da
vida,
fluente
e
bela,
um
sonho
que
nunca
se
acaba.
Antes
de
terminar,
quero
dizer-lhe
mais
uma
coisa:
diferenças
ficam
apenas
no
plano
das
idéias,
no
fundo,
ou
nos
sonhos.
A
forma,
o
visual,
as
sonoridades,
o
estrato
-
como
diz
sua
eterna
Yvonne
Silveira
–
permanecerão
para
sempre,
nos
nove
ou
nos
noventa
e
nove!
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