Em
novembro
e
dezembro
de
1950,
o
nome
mais
escrito
e
falado
era
o
do
Capitão
Enéas
Mineiro
de
Souza,
já
quase
nos
dias
de
começar
seu
trabalho
de
prefeito
de
Montes
Claros.
Famoso
pela
ousadia
e
pela
coragem,
o
Capitão
chegava
para
mudar
muito
na
cidade,
que
tinha
somente
dois
pedaços
de
ruas
com
calçamento,
a
Rua
Quinze
e
a
Simeão
Ribeiro.
Já
nas
primeiras
semanas
de
administração
as
ruas
Doutor
Santos
e
Camilo
Prates
ganharam
paralelepípedos,
seguidas
depois
pela
Avenida
Francisco
Sá
e
Rua
Barão
do
Rio
Branco,
esta
residência
do
prefeito.
Era
o
início
de
nova
era
com
mais
serviços
e
menos
política,
muito
pouco
falando
de
partidos,
na
época
apenas
quatro,
o
PSD,
a
UDN,
o
PR
e
o
pequeno
PTB,
usado
apenas
para
arranjar
empregos
em
órgãos
oficiais.
Até
1930
com
votos
de
bico
de
pena,
em
aberto,
o
presidente
da
Câmara
é
que
era
o
prefeito,
quase
sempre
o
de
mais
prestígio
com
o
governador
do
estado,
pois
era
de
Belo
Horizonte
que
vinha
o
dinheiro
para
qualquer
coisa,
da
construção
de
pontes
até
parte
da
folha
de
pagamento
municipal.
Em
geral
eram
dois
partidos
de
um
lado
e
dois
do
outro,
bem
definidos
e
sem
barganhas.
Mudando
o
interventor,
o
presidente
ou
governador
do
estado,
mudava
tudo:
presidente
da
câmara
(prefeito),
diretor
da
escola,
coletores,
delegado,
destacamento
policial,
até
o
investigador.
Mandava
quem
podia,
o
poder
com
o
máximo
de
visibilidade.
Ou
era
governo
ou
não
era
nada,
nem
para
tirar
preso
da
cadeia.
Vem
revolução
de
32,
vem
o
estado
novo
em
37,
vem
a
redemocratização
em
45,
e
só
aí
o
voto
popular
e
até
certo
ponto
secreto.
Na
urna
eram
colocado
um
envelope
com
chapas
contendo
os
nomes
dos
candidatos,
já
entregues
ao
leitor
prontinho,
marmita
completa,
que
as
moças
tomavam
dos
eleitores
mais
ingênuos
e
passava
nos
lábios
com
batom
para
anular
o
voto.
Pela
primeira
vez
a
idéia
de
democracia
era
quase
uma
decisão
de
quem
tinha
o
voto
ou
de
quem
era
realmente
líder
político.
Um
bom
prefeito
de
Montes
Claros
nesses
e
em
outros
tempos
foi
o
dr.
Alfeu
Gonçalves
de
Quadros,
dirigente
da
cidade
por
bem
uns
quinze
anos,
sempre
um
gentleman,
educado
e
cortês.
Dos
prefeitos
que
chegaram
depois,
praticamente
em
partido
único,
revolucionários
em
termos
de
início
de
grandes
obras,
foram
Geraldo
Athayde,
em
1957,
e
Antônio
Lafetá
Rebelo,
a
partir
de
1966.
Foi
Toninho
que
mudou
a
prefeitura
e
a
câmara
para
um
prédio
grande,
na
Cel.
Prates
e
construiu
as
Avenidas
Esteves
Rodrigues
e
Mestra
Fininha,
a
Rodoviária,
o
Parque
Municipal,
abriu
várias
ruas
que
eram
fechadas
e
definiu
o
futuro
de
Montes
Claros,
o
que
pôde
depois
ser
seguido
por
outros
prefeitos
a
começar
por
Luiz
Tadeu
Leite.
Fim
do
governo
militar,
nova
redemocratização,
o
poucos
partidos
já
com
nome
mudados,
quando
já
morrendo
a
compostura,
surge,
da
noite
para
o
dia,
uma
enxurrada
de
novos
partidos,
pequenos,
nanicos,
um
número
tão
grande
que
nenhum
vivente
tem
capacidade
para
saber
os
nomes
de
todos.
Começa
aí
também
o
uso
da
propaganda
política
pela
televisão,
a
valorização
do
tempo
que
cada
um
tem
na
mídia,
e
tudo
passou
a
ser
um
mero
balcão
de
negócios
(no
plural
mesmo).
Tudo
depende
de
ajeitos,
longe
o
tempo
de
sinceridade
–
companheiros-companheiros,
adversários-adversários.
Hoje
os
políticos
nem
podem
brigar
porque,
amanhã,
têm
que
estar
juntos.
O
grande
Ulisses
Guimarães
chegou
a
dar
um
conselho:
em
política
não
seja
tão
amigo
que
não
possa
ser
depois
inimigo,
ou
tão
inimigo
que
não
possa
ser
mais
tarde
amigo.
Tradução:
em
política,
aja
com
discrição
e
sem
ofensas,
porque
a
sinceridade
pode
vir
a
ser
fatal.
Resultado:
seria
bem
melhor
que
os
partidos
maiores,
os
que
decidem
mesmo,
se
ajustassem
nas
idéias
e
nos
programas,
sem
divisões
maldosas
ou
interesseiras.
De
nada
adianta
colcha
de
retalhos.
O
importante
é
agir
no
todo,
com
seriedade
e
sem
esfacelamentos
danosos,
inclusive
para
a
decisão
dos
eleitores.
Melhor
mesmo
é
ter
em
vista
a
cidade,
não
os
interesses
pessoais
ou
de
grupinhos.
Montes
Claros
precisa
de
um
bom
administrador,
alguém
de
currículo
respeitável,
com
capacidade
de
agir
e
de
fazer.
O
futuro
agradecerá.