Rosas do Meu Jardim
Foi um lançamento muito festivo, muito bonito, com um lado emocional inesquecível, o de "Rosas do Meu Jardim", primeiro livro de poemas de Reinilson dos Anjos Câmara, professor, cronista, e poeta, nascido aqui mesmo na Rua General Carneiro, em frente à essa casa onde, nos meus bons tempos, eu mantinha a redação da "Folha do Estudante". Vou ser mais preciso: nosso jornal estudantil ficava frontal à casa de "seu" Filipe e D. Dadinha, pais de uma filharada bonita e amiga que veio brotando durante muitos anos, entre muitos o nosso agora autor de Rosas do Meu Jardim".
Reinilson, das gerações de novos poetas, é dos bons, trabalhando com segurança na construção da frase de ideias. Apesar de estreante, tem tido o cuidado de não muito inovar, deixando que a experiência de universitário estudioso e do agora professor flua com elegância culta. Livro constituído de 25 poemas escritos ao longo dos anos, tem uma divisão em quatro partes: Taty, sete poemas de 1974; Eu A Estrada E O Céu, seis, de 1975; É Bom..., seis de 1976; e Rosas do Meu Jardim, seis poemas de 1977. Produção amadurecida, pensada e repensada, deu tempo ao autor de aprimorar, enriquecer, colorir conceitos e estruturas, o que foi ótimo para o resultado final.
"Só de saudade é impossível viver um grande amor/ Lugar de amor é perto de mim e não longe". "No embalo da noite de lua cheia/ a morena é estrela que brilha,/ que expõe seu corpo/ e me acaricia. "Passou seus últimos dias/ padecendo de amor". Apanharei minha varinha mágica/ e num toque/ farei de você a mais linda, pura e feliz/ a amada menina". "Ela, porém, dentro da cândida timidez,/ não me diz nada e sempre foge". Taty, divina donzela,/ flor mimosa./ Quando perceberá/ que é dona do meu coração!". "Na minha rua crianças brincam alegremente/ todas as tardes./ Brincam de roda, correm, chutam bola,/ brincam de esconder...caem, machucam, choram... / depois levantam e continuam a divertir. / São passagens da vida, partes dos primeiros poemas.
Reinilson tem também uma preocupação com a cidade e com problema social. Procurar marcar um momento da vida, uma movimentação do observador e das coisas e ações observadas. "No centro da cidade/ passam muitos carros/ motocicletas,/ carroças,/ bicicletas... / Passam muitos jovens/ e velhos./ Gente bonita,/ gente feia.../ Cegos,/ surdos,/ mudos,/ aleijados,/ trabalhadores/ e desempregados,/ todos passam./ Mas à-toa mesmo,/ fico eu, que não tendo / o que fazer, / fico observando / o movimento." Tudo em verso, que eu transformo em prosa para caber melhor neste espaço. "O jornal traz as notícias: missa de sétimo dia, assaltos, mortes, tiroteios, sangue, muito sangue: Se você não leu as notícias tristes e sangrentas no jornal, não se preocupe, a televisão leva até a sua casa com cens estarrecedoras: suicídios, guerras, sangue e mais sangue, crise, desemprego, poluição. Quanta poluição! É o homem na sua incrível capacidade de enfear o que é belo".
"Homem velho e triste/ que passa/ cadê os seus filhos,/ sua mulher/ que não vem afagar sua face sofrida? "Homem velho e triste/ que passa/ com os olhos cansados/ me dê sua experiência/ sua vivência/ seu talento/ e sua compaixão." Tenho muita fé nos destinos do jovens que fazem poesias. Eles representam um nova visão da vida e do mundo e assim... podem buscar e até mesmo encontrar um pouco de felicidade... E quem sabe se, desta forma o mundo não pode ser mais feliz?
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