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Wanderlino Arruda
Djalma Souto




 

 

Saudades do circo

Wanderlino Arruda


Isso mesmo ! Quem não tem saudades do circo ?
Quem não guarda, lá dentro,
no mais profundo da alma,
uma saudade-menina
da primeira alegria sentida no circo ?
Quem não se lembra do primeiro velho palhaço
de roupas coloridas, frouxonas, cheias de longos babados,espicha-encolhe, querendo cair a toda hora ?
Quem não se recorda do palhaço mais novo
fazendo negaças, pisca-piscando,
equilibrando como um joão-bobo,
piruetando em volta de si mesmo,
triste e alegre ao mesmo tempo?


Quem não conserva na mente a visão das moças bonitas,
dos meninos e rapagões bem alimentados,
do forte e grisalho dono do circo,
domador vestido de preto lamê,
de todos a sustentarem com força o equilíbrio do mundo ?
Quem não se lembra ?
Cada um terá um universo de lembranças
de um novo ou de um velho circo,
dependendo de onde nasceu
e de onde viveu os primeiros anos de vida,
em cidade pequena ou cidade grande.
Em nossas lembranças haverá sempre um circo.

Circo pobrezinho de chão de poeira,
de lona furada e sem cores,
de leões já velhos sem dentes,
de bicicletinhas velhas,
ou então de uma visão de brilho,
de rico luxo, de madrepérolas,
com mágicos importantes a criar
mil fantasias de coelhos e bandeiras,
com moças vendendo saúde,
meninos louros voando em trapézios,
tudo mais parecendo um sonho acordado.


Cada um guardará uma forma lírica de lindas lembranças,
uma saudade gostosa do primeiro encontro com o circo,
jamais desfeita de nossa memória e de nosso coração...
Nada há mais delicioso que o primeiro espetáculo de circo.
Nada mais!



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