As
duas Brasílias
Wanderlino
Arruda
A
idéia de fazer
cidades irmãs as
duas Brasílias,
a de lá do Planalto
Central e a de cá
deste sofrido setentrião
de Minas, só podia
ser pensamento da cabeça
de Luiz de Paula Ferreira,
o nosso industrial e fazendeiro,
que todos os dias tira
uma horinha de folga para
filosofar e empreender
revoadas poéticas.
Realmente foi do Luiz
a invenção,
as providências,
o concluído diplomático
da união de Brasilinha
e Brasília, a pobre
e rica do seu coração,
uma porque terra do seu
pai, outra porque ajudou
a fazer, politicando e
pagando impostos. Agora,
a partir de 25 de fevereiro,
a terra de Haroldo Lívio.
Oswaldo Antunes é
irmã da Capital
de Juscelino, com papel
passado e tudo, um documento
com assinaturas do Governador
José Aparecido
e do Prefeito Francisco
Simões, testemunhado
por Oscar Niemeyer e pelo
próprio Luiz de
Paula.
Tudo começou com
o discutido e aprovado
em uma reunião
da UNESCO, em Paris no
dia 7 de dezembro de 1987,
quando BRASÍLIA
foi consagrada como patrimônio
Cultural da Humanidade,
o único bem contemporâneo,
até hoje considerado
monumento das gerações.
A notícia, que
circulou o mundo, acabou
aterrisando na inteligência
do Luiz e, tome lá
poesia, veio a idéia
da proposta ao Governador,
num telefonema de muita
ansiedade:
- Chegou a hora de fazer
justiça, Aparecido,
é preciso que a
grande Brasília
dê as mãos
a Brasilinha, cumpra as
promessas de Juscelino,
entrelace os corações,
sejam um exemplo de fraternidade!
- Só se for agora,
Luiz. Você tem toda
razão, venha cá
com urgência. Hospede-se
comigo, vamos conversar
muito!
E Luiz foi, sentou-se
com Aparecido, tomaram
uísque, recordaram
velhos casos de Minas,
falaram de cachaça,
de licor de pequi, de
doces caseiros, de umbu,
dos nossos saudosos políticos
honestos e, como não
podia deixar de ser, do
chamego do Governador
para com as coisas do
Norte, entre elas Brasília
de Minas. Foi um bom encontro
de amizade e sabedoria,
com largos sorrisos, no
final definidor de data
de ida a Brasília
de Luiz e do Prefeito
Chico Simões para
assinatura de um protocolo
histórico. Tudo
muito mineiro e poético!
Cinco são os itens
de sustentação
documental, considerando:
a) a consagração
de Brasília pelo
UNESCO, como Patrimônio
Cultural da Humanidade,
em 7 de dezembro de 1987;
b) a vocação
pioneira da Capital, sonhada
desde a Inconfidência
Mineira, e conquistada
pela vontade inabalável,
e a visão histórica
do Presidente Juscelino
Kubitscheck;
c) a precedência
do uso do nome “BRASILIA”
desde 1984 pela antiga
Vila de Contendas, depois
cidade de Brasília
no Estado de Minas Gerais;
d) o gesto da secular
comunidade cedendo o nome
de sua cidade para a nova
Capital Federal, passando
a chamar-se Brasília
de Minas;
e) afinal, que são
cidades irmãs não
apenas no nome mas também
nos compromissos de civilização
e modernidade. Por isso,
resolvem incentivar e
aprofundar a cooperação
entre ambas nas áreas
sócio-econômica
e cultural, reivindicando
a imediata pavimentação
asfáltica do trecho
da estrada entre as cidades
São Francisco e
Unaí.
Para fechar o entendimento
com chave de ouro, o Prefeito
de Brasília de
Minas, no dia 21 de abril,
à frente de delegação
de cidade-irmã,
vai inaugurar placa comemorativa,
em locar a ser indicado
pelo arquiteto Oscar Niemeyer,
perpetuando as circunstâncias
história da bonita
união sonhada por
Luiz de Paula Ferreira.
Um lindo final feliz!