É
triste, muito triste, ver como o mundo
se acha cheio de ansiedades, de conceitos
puramente materialistas e utilitaristas.
Pessoas e mais pessoas se esquecem
da beleza da vida, da generosidade
de outras pessoas, e se colocam como
pequenos donos de um pedaço
de meia-verdade, julgando-se numa
independência que não
existe. Esquecem-se de que a existência
é um insistente ensino, uma
perseverante luta pela felicidade
e que só podemos ser felizes
na caminhada solidária, de
mãos dadas, unidos, com toda
a alegria possível, com toda
coragem, ou pelo menos com um pouco
de sorrido em agradecimento à
própria vida. De nada adianta
o transbordamento das paixões,
a manutenção de arestas
morais, o popular narcisista, a supervalorização,
o pretexto domínio da inteligência
ou do poder, o ódio sem direção
ou direcionado. Tudo é vão,
o viver é um crescimento espiritual
de todo o tempo.
Amar a si mesmo é importante,
mas é preciso amar o semelhante.
E amar impõe sinceridade pessoal,
desprendimento, uma visão clara
de sonhos e realidades, um gostar
do outro, um querer bem sem limites.
De nada vale o isolamento, a limitação,
só a defesa do próprio
interesse, a fanfarronice vazia e
boba, uma falsa autoconfiança,
o desprezo bulhento aos que amam a
vida. De nada vale a falsa declaração
de amor, sem identificação
com o bem geral. É preciso
desnovelar-se num esforço de
melhoria geral, abrir os olhos para
a paz, a paz das quatro paredes da
nossa casa, a paz da nossa rua, dos
nossos companheiros de jornada, a
paz do mundo. Para alcançarmos
a alegria, necessário é
desafadigar-nos das opacas viseiras
da falsa auto-suficiência, triste
posição da pessoa infeliz.
Há ardorosos propagandistas
de si mesmo que não passam
do labirinto da sua própria
ilusão, mas que caminham por
caminhos tão estreitos e tão
vulneráveis que nunca enganam
a ninguém. Falam de liberdade,
pregam autonomia, fomentam guerras,
exterminam simpatias, direcionam-se
para o fanatismo, combatem falsamente
os preconceitos, mas não sabem
libertar-se da cordoalha da servidão
mental a que são jungidos por
si mesmos.
É preciso restaurar a fé
nos semelhantes, semear a palavra
de vida na luz da esperança,
viver com amor verdadeiro, perseverar
no bem, tirar as lentes negras de
diante dos olhos físicos e
espirituais. Trombetear importância
nunca foi medida levada a sério,
a avidez de promoção
pode ser atalho de caminhos, mas será
sempre lodaçal de incompreensões.
Não se deve morrer de orgulho,
porque nem sempre a existência
ajuntará o pequeno punhado
de amigos que cada um tem. Eles podem
espantar-se da nossa própria
inconsciência.
Que cada um submeta-se ao currículo
da aprendizagem na academia da vida,
propondo valorizar todas as lições
que estudam e preparam a conquista
de tesouros maiores da inteligência
e do sentimento. Cada período
brinda-se com nova gama de experiências.
É importante saber tirar proveitos
do equilíbrio dos que são
verdadeiramente equilibrados. É
importantíssimo saber viver
todos os momentos possíveis
da felicidade. Na verdade, ser feliz
é a nossa meta. E para ser
feliz é preciso saber bem retribuir,
ter gratidão. A vida não
é só pedir. É
muito mais agradecer!