Fontes,
o companheiro, o irmão, o amigo,
já não se encontra materialmente
entre nós. Há poucos
dias, em uma grande viagem pela eternidade,
deixou este agitado vale de dificuldades,
que está sendo o nosso mundo
do terceiro quartel do Século
XX. Uma viagem de ida ou de retorno,
não importa, mas uma saída
que marca saudades em todos que lhe
queriam muito bem, que no total, são
milhares de corações,
aqui, em Montes Claros, em Ervália,
onde nasceu, em Belo Horizonte...
Alhures... Fontes era homem de muitos
amigos, de admiração
séria, devotada, carinhosa.
Criatura de reconhecimento e respeito,
pois, mesmo no centro de revolto mundo
de armadilhas e problemas, foi sempre
pessoa de bem, espírito de
escol.
Bom brasileiro, bom mineiro, antes
e depois de bom montes-clarense. Um
devotado à causa do trabalho
silencioso, do trabalho constante,
mais direcionado para o seu semelhante
do que a si mesmo. De esforços
multipluralistas, viveu sem descansos,
impregnado do melhor sentido da vida,
sem abatimentos desnecessários
por tristeza que não podia
evitar, sem alegrias desmedidas fora
do seu feitio de sisudez. Acredito
sinceramente que Fontes, sem ter nascido
em Montes Claros, foi, nas quatro
últimas décadas, um
dos melhores representantes desta
terra, comedidamente amado e desmesuradamente
amante de tudo que é nosso.
Fontes, o trabalhador, o operário
do bom serviço, sempre membro
ativo da comunidade.
Fontes veio para Montes Claros em
1942, algum tempo depois de ter feito
do curso ginasial em Juiz de Fora,
na Academia de Comércio. Chegou
já na profissão que
adotaria por toda a vida, a atividade
comercial no ramo dos calçados.
Antes, havia passado por Ponte Nova,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, num
caminho do autodidatismo da vida,
aprendendo e praticando, tornando
mais rica a cultura, construindo a
sabedoria das grandes almas, aprendendo
a agir e servir, elegendo como norma
o amor, o verdadeiro amor cristão,
voltado para a felicidade. Aqui chegou,
aqui venceu.
Rotariano, a partir de 1951, ainda
em companhia de João Souto,
nos bons tempos de Niquinho Teixeira,
de Nozinho Figueiredo, de Moreira
César, pouco tempo depois de
Sebastião Sobreira. Um rotariano
consciente de lema ‘dar de si
antes de pensar em si’, compenetrado
nos direitos e obrigações
da sociedade. Cursilhista dedicado,
organizador de primeira hora, líder,
fraternalmente irmão, entusiasta,
sindicalista, sempre ligado ao Sindicato
do Comércio Varejista, à
Federação do Comércio,
foi ele o grande herói do SESC,
conseguindo trazer para Montes Claros
esse trabalho maravilhoso de que todos
somos reconhecidos. Foi colaborador
direto na criação de
empresas e entidades de interesse
público, como a Companhia Telefônica,
a Companhia de Águas e Esgotos,
a Associação Comercial
e Industrial. Incentivador do Mobral
em nossa região, provedor da
Santa Casa, Presidente do Rotary Club
de Montes Claros – Norte e muitas
outras atividades de inteligência
e do coração.
Fontes, um jorrar de trabalho e de
esforços para o bem comum,
não será esquecido.
Cumprindo bem sua missão, em
passagem não muito longa pela
vida, gravou indelevelmente o bom
exemplo.
Merece a nossa saudade e o melhor
do nosso reconhecimento.