Os
sonhos de Júlio Verne, tão
lindamente vividos no fim do século
passado, transformaram-se tão
grandemente em realidade, em nossos
dias, que hoje, o escritor francês
quase não é lido nem
por jovem nem por adultos. Realizada
uma idéia, atendida a capacidade
criativa, satisfeita a curiosidade,
parte do indivíduo pra novo
sonho, nova tentativa de ilusão
ou de atendimento do seu querer. A
inteligência e a arte são
sempre muito exigentes, dinâmicas
por excelência, nunca se estacionam,
e é disso que é feito
o progresso humano, não pode
parar, pois tudo viraria rotina insuportável,
inconcebível para a nossa tendência
evolutiva sempre para cima e para
o melhor. Viver é sonhar e
realizar os sonhos!
Júlio Verne foi o grande idealizador
das coisas do futuro, criador do preceito
de que “tudo que um homem pode
sonhar outro pode realizar”.
Concebeu a televisão antes
de ser inventado o rádio, chamando-o
de “fonotelefoto”, isto
é, um aparelho que pudesse
falar e mostrar imagens à distância.
Imaginou o helicóptero meio
século antes de o homem aprender
a voar. Apresentou planos para a construção
de submarinos, aeroplanos, luzes de
gás néon, calçadas
rolantes, ar condicionado, arranha-céus,
mísseis dirigíveis,
tanques de guerra, alimentação
comprimida, produção
de oxigênio, deslocamento de
corpos no vácuo, um verdadeiro
mundo de invenções.
Sem dúvida alguma, o pai da
ficção científica,
um antecipador de realidades, um vidente,
um intuitivo.
Tive um dia a sensação
de estar vivendo ao lado de Júlio
Verne, de beber na fonte mais pura
da água de sua vida sensibilidade
científica e literária.
Foi uma dessas interpretações
confusas que todo mortal costuma fazer,
principalmente os distraídos
e viajantes do mundo da lua, uma espécie
assim de “insight” desfocado
nos segundos de oportunismo curioso.
Vagando nas proximidades do Louvre,
em Paris, li uma faixa de propaganda
“Júlio Verne –
hoje e amanhã”, e entendi
que se eu não aproveitasse
logo a oportunidade, perderia de ver
uma exposição que já
estaria prestes a terminar, isto é,
no dia seguinte. Não pensei
duas vezes. Entrei. Era uma exposição
feita pela Fiat italiana, de uma forma
extraordinária, com projetos,
desenhos, aparelhos, máquinas
de calcular, toda a parafernália
de suporte que o escritor francês
usou para inventar uma realidade ideal.
Nada havia, porém, de marca
de final de evento. Tudo estava fresquinho,
com abertura ao público naquele
mesmo dia. O Hoje e Amanhã
era com relação ao presente
e ao futuro de Júlio Verne,
o seu melhor modo de sonhar...
Poucas vezes na vida tive tão
grande sensação de enormidade
da inteligência de um inventor,
de um cérebro criativo capaz
de vencer todas as barreiras da imaginação.
Poucas vezes, antes e depois, pude
formular intimamente uma admiração
sem limites ao otimismo, à
confiança no destino lógico,
à crença de um mundo
melhor digno do esforço da
ciência e da poesia. Para mim,
Júlio Verne, naquele momento,
era a síntese da fé
que Deus sempre depositou no homem,
no seu futuro, na sua trajetória
evolutiva de criatura da inteligência
divina. Júlio Verne estava
ali, através de toda uma ação
vivencial, de todos um universo de
pesquisas, simplesmente sonhando o
possível, o provável,
a destinação histórica
da inventiva humana. Momento inconfundível
de respeito ao raciocínio livres,
da valorização ao direito
de penar e de sentir.
Não seria bom que voltássemos
de novo, à leitura de todos
os escritores de ficção,
à busca de compreensão
de todos os inventores do futuro?
Só a realidade presente não
satisfaz!
Quanto ao casamento: “em Moscou
os jovens esposos vão depositar
flores no túmulo do soldado
desconhecido, diante do qual arde
o fogo eterno. São levados
ao muro do Kremlin (onde se perpetua
o memorial dos mortos de guerra),
em veículos portadores de 2
grandes anéis-de-ouro entrelaçados”.
– Quanto às exéquias:
O rito consta de 2 partes –
a dos discursos patrióticos
em homenagem ao defunto e a outra
do cortejo para a sepultura, ao som
apenas de música (sem preces
e até não sei se lá,
por lei esteja proibido chorar).
Evidentemente (sem poder manifestar-se)
bem outra é a mesma psicologia
de qualquer ponto da cidade dos homens:
Vive e Palpita, em sua esperançosa
transcendência a alma imortal
do povo russo e de seus países
escravizados. Mesmo se ainda não
saboreiem as maravilhas do Evangelho
de Jesus Cristo. Pois é este
a Constituição divida
da fraternidade, da liberdade e da
igualdade ou a Carta Magna dos povos
realmente livres e virilizados.
Mas, culto e autônomo, o mundo
não se deixará enganar!
Muitos agora não escapam do
referido materialismo, ou porque não
têm asas ou liberdade ao seu
êxodo, ou porque não
têm coração para
abandonar o pessoal de sua casa. Esta,
coitada, foi invadida pelos fortíssimos
e violentos contingentes da foice
e do martelo. São duas armas
que não se obrigam a revelar
a “sinceridade” de suas
“conquistas democráticas”.
A foice não vai contar as vidas
que ceifou, nem o martelo fotografará
as liberdades que massacrou. Que no-lo
diga, por simples amostra o sindicato
“Solidariedade”, lá
na Polônia!
Como apêndice: O materialismo
“antigo” de Tales de Mileto,
de Heráclito de Efeso, de Anaxágoras,
de Epicuro e o materialismo “inglês”
de Francis Bacon ficaram aqui sem
espaço, porque não oferecem
mais conteúdo senão
história ao que escrevo, de
maneira singela e popular, longe dos
lances polêmicos da outra filosofia.
E se “douta” mesmo, ela
não pode aceitar a Matéria,
como soberana rainha da história
da humanidade.