Elevada
contemplação espiritual
por parte das criaturas, a arte é
a exteriorização do
ideal, uma divida manifestação
do que há de mais belo na alma
humana, polarização
mais importante da vida. De todas
as riquezas da civilização,
a maior realização artística,
seja ela primitiva, incipiente, ou
nos mais elevados estágios
da perfeição, produto
de maturidade individual ou coletiva.
O artista verdadeiro é sempre
o intermediário das belezas
eternas. O seu trabalho, em todos
os tempos, foi o portador das harmonias
mais vibráteis do sentimento,
alçando-as ao infinito, abrindo
caminhos para a sabedoria, para a
paz e para o amor. Missionário
da busca estética, do belo,
do harmonioso, o artista é
o traço de ligação
entre o cognitivo e o racional para
o sentimento e a emoção,
engrandecendo a trajetória
do homem na terra.
O homem não teria chegado ao
estágio evolutivo em que se
encontra não fosse o anseio
de busca da perfeição
artística, não fossem
as tentativas de materializar o sentimento
através da arte. Mesmo quando
procura realizar o pragmático,
o utilitário, não se
pode deixar de lado o elemento estético,
o agrado ao ideal de beleza de cada
um, seja para o autor, seja para o
usuário, seja para um possível
espectador. A beleza é necessária,
importante. É o complemento
que satisfaz, que dá a sensação
de prazer, o resultante emocional
de floração da alegria
do viver. O que o homem moderno chama
de bom acabamento nada mais é
do que o toque artístico, a
experiência artesanal espontânea
ou convencionada para preencher o
vazio de satisfação
que a técnica só não
pode ocupar.
O artista, de modo geral, vive mais
no plano do ideal, quase sempre numa
esfera de interesse distante do homem
comum. Seu psiquismo é sempre
resultante do mundo íntimo,
numa espécie de recordação
atávica, como que portador
de visões que procura materializar,
trazendo o sublime para o plano das
sensações humanas.
Às vezes, longe do convencionalismo,
mantém-se o artista acima dos
preconceitos de sua época,
salientando-se numa indisciplina,
afastando-se dos conceitos do dia-a-dia,
rasgando véus só detectáveis
para faixas sensoriais mais vibráteis.
Quando o artista observa um comportamento
normal, sem afastar-se demasiadamente
dos padrões estabelecidos,
quando ele consegue viver e conviver
no seu meio social, de modo útil
e proveitoso, encontra, aí,
o ponto desejável da perfeição
humana. Acompanha o progresso, sintetiza
o pensamento da sua época,
concentra o desejo subconsciente de
todos, dá vida e corporificação
à alma coletiva.
O artista é, pois um diplomata
da beleza e do sentimento. É
ele o instrumento que escreve, que
grava, que harmoniza o ideal de sua
geração, do que dá
força infinita às consciências.
É por isso que no mundo nenhum
povo pode viver sem seus artistas.
A arte é o equilíbrio,
é a ponte maravilhosa que liga
a criatura ao criador, ao meio do
caminho que contrasta a passagem da
Terra com o Céu.