Foi
na abertura das solenidades de comemoração
dos cinco anos de atividades do Centro
de Educação e Cultura
e, logo depois, no ciclo de palestras
sobre literatura em Montes Claros,
que tive oportunidade de falar pelo
menos duas vezes sobre o poder da
cultura. Na abertura, os secretários
Hamilton Trindade e Heliomar Silveira
procuraram, cada um a seu modo e de
forma a valorizar a instituição
hoje ligada ao nome de Hermes de Paula,
destacar o trabalho da administração
atual na melhor forma de distribuir
benefícios culturais a todas
as classes sociais da cidade e da
região. É que atualmente
existe, na verdade considerável
esforço no sentido de divulgação
da cultura, não ficando nada
a dever de tudo que tem sido feito
desde a fundação do
Centro, sem dúvida alguma a
maior realização humanística
do Sr. Antônio Lafetá
Rebelo. É ótimo que
seja assim, e isso só vem enobrecer
a administração do Sr.
Luiz Tadeu Leite, e, principalmente,
do secretário Hamilton, um
dos mais dinâmicos da equipe
municipal.
Tem sido o Centro de Educação
e Cultura, de fato o elemento propulsor
da nossa cultura, um gerador que produz
e distribui o que temos de melhor
dos nossos esforços na afirmação
da arte. E o mais interessante é
que hoje o Centro de Educação
e Cultura Hermes de Paula, como sempre
foi, não faz concorrência
a nenhuma outra entidade, não
obscurece o trabalho de ninguém,
não atropela nenhum ânimo
particular ou oficial. Tanto Clarice
Maciel, a primeira diretora do Centro,
como Marta Padoani, Zoraide David,
Eliana Almeida e o nosso companheiro
Egídio Medeiros, passadas e
atual diretores, todos sempre souberam
muito bem distinguir o essencial do
secundário, recebendo e distribuindo,
na dose certa o prestígio devido
a cada artista aquela palavra de encantamento
que a intuição da arte
exige e necessita. Feliz esse Centro
de Cultura que sabe aproveitar a experiência
e o dinamismo do Conservatório
Lorenzo Fernandes, da Sociedade dos
Repentistas, da Feira de Artes, da
entidade sem governo de todos os pintores
e desenhistas.
E por que o Centro de Educação
e Cultura Hermes de Paula é
uma entidade oficial tão importante?
Por que os administrados do município
nunca podem deixá-lo em segundo
plano? É que o CEC, leitor,
é diferente de tudo, rico e
pobre ao mesmo tempo, fechado por
uma linha de organização,
mas, totalmente abeto a todos, desde
os intelectuais bem vividos da Academia
de Letras até a turma nova
da vanguarda, da poesia, da criação
espontânea e gostosa da meninada.
É lá, no Centro, que
o espaço aberto dos artesãos
da madeira e da argila, dos folhetos
e dos romances de cordel, assim como
dos granfinos da faiança e
da porcelana, está sempre marcado
pelo halo de boa vontade e do entusiasmo
de mais de mil freqüentadores
diários, visitantes ou não
da Biblioteca.
É por isso que, acreditando
nessa ebulição artística
de Montes Claros, tão bem iniciada
e alimentada pelo Centerartes de D.
Marina, falei duas vezes, em dois
dias consecutivos, no Poder da Cultura,
no Poder Espiritual, maiores, bem
maiores do que os outros da linha
econômica e da castrense. É
que o Poder Espiritual e o Poder da
Cultura são eternos, marcantes
do tempo e no espaço, penetrantes
e envolventes, traduzindo, apesar
dos outros poderes, a trajetória
humana. De que vale um Poder Judiciário,
sem a força do espírito
e da cultura? Quantos generais gregos
e romanos são lembrados pela
História? Quantos administradores?
Poucos, bem poucos.
Dos artistas, dos filósofos,
dos oradores, dos escritores, ao contrário,
o granito dos palácios e a
memória dos povos jamais deixam
de considerá-los. São
os alimentos da luz que engrandece
a vida sobre a Terra!