Há
poucos dias, na Academia Montes-clarense
de Letras, a nossa colega Maria Luiza
Silveira Teles, professora de muita
sabedoria, fez uma conferência
sobre o poder da palavra e sua influência
como força ideológica
em todos os tempos. Mostrou-nos como
vivemos eternamente sob o impacto
e a magia de simples vocábulos,
muitos dos quais do nosso dia-a-dia,
velhos conhecidos e muitas vezes companheiros
de todas as horas. Demonstrou como
nossa vida é impregnada com
o dinamismo político, religioso,
social das expressões, sejam
elas de pessoas simples ou das mais
importantes, aquelas que comandam
até os costumes e o destino
do povo.
O assunto tratado por Maria Luiza
não é novo. Também
não é desconhecido.
A palavra tem sido debatida, estudada,
dissecada, em todos os tempos e em
todas as línguas do mundo.
A palavra tem criado e dissolvido
muitos impérios. Qualquer dia
desses pode cair uma pirâmide
do velho Egito, mas as palavras da
civilização das margens
do Nilo aí ficarão para
contar a história do grande
povo. A palavra do entendimento ou
incompreensão tem sido a mola
que movimenta tudo. Mas como um assunto
tão antigo, tão discutido,
ficou novo na voz de Maria Luiza!
Profissional do magistério
e das letras, da filosofia e da psicologia,
o material de trabalho dela é
a palavra. E como ela sabe usá-la,
pondo e dispondo-a como quem brinca
com coisa séria, entristecendo-se
e alegrando-se com as reações
dos ouvintes!
É bonito ouvir quem entende
de um assunto, uma pessoa que gosta
da sua profissão, coisas tão
difíceis de acontecer nos dias
de hoje. Quase sempre os falantes
são superficiais, despreparados,
fugidios às definições
mais diretas, que dão a verdadeira
importância à explicação.
Fruto de estudos ligeiros, sem profundidade,
pecadores da pouca observação,
muitos falam por falar, mas sem dizer
nada. Então, quando temos a
oportunidade de tomar contato com
o conhecimento bem alicerçado,
haveremos de ficar alegres, satisfeitos
da eterna curiosidade do bom saber.
As horas passam como se voassem ou
como de fato voam com invisíveis
asas de sonhos e fantasias.
E o que pode fazer a palavra? Há
os que a pregam, há os que
a impõe, há os que a
aproveitam e há os que as desperdiçam.
As palavras são os monumentos
da civilização, seu
material e seu testemunho. A Semântica,
isto é o significado das palavras,
tem tido mais força do que
a potência de fogo das grandes
nações. É conversando
que se entende, é explicando
que se chega a um acordo, é
trocando idéias que se faz
surgir os grandes acontecimentos,
as transformações sociais,
os empreendimentos do progresso, a
melhoria da vida humana. A palavra
é e continuará sendo
mesmo para os que não lhe dão
o valor merecido, a nossa grande diretoria
na escola da existência.
Não só de pão
vive o homem. É verdade, não
só de pão...
A vida é, antes de tudo, um
ato de comunicação.
Antes da palavra, era o caos. A palavra
é luz!...