Existe
superstição, sim! Existem
também os supersticiosos, e
são muitos. Como os encontrei
durante a semana! Nos locais de trabalho,
na rua, na Faculdade, dentro e fora
das salas de aula, na sala dos professores.
Todos me perguntavam, rindo, sobre
as superstições e se
era mesmo verdade que iria continuar
o assunto nesta semana, neste muito
lido JORNAL DE DOMINGO. Respondi a
todos e agora respondo com mais segurança:
aqui estou, e espero que o fato de
estarmos ainda em agosto não
signifique muito para nossa intranqüilidade,
pelo menos até quando setembro
vier...
Já disse, na semana passada,
que a superstição funciona
mais para o lado da prevenção
de males, mais para as observações
dos mais velhos para os mais novos,
assim, de cima para baixo, do mais
experiente para o menos experiente.
Superstição fala de
perigos provocados por certas práticas,
principalmente quando alguém
não faz ou faz pouco caso das
advertências ou conselhos. Normalmente,
estão ligadas à medicina
preventiva, doenças, males,
sinais indicativos de que alguma coisa
ruim vai acontecer... Um mau agouro
de tamanho previsto...
Como são muitas as superstições,
vejamos algumas de nossa região,
que, também são as mesmas
de outros lugares e até de
outros países, pois não
é só brasileiro que
é besta, nem mineiro, uai!...
Veja o que pode fazer mal e, se acreditar
ou não, é bom não
brincar:
- Saltar urina de cavalo (dá
“couro” nos pés);
cuspir no fogo (seca o cuspe); mijar
em pé de imbé (faz nascer
papo); adulto saltar criança
(a criança não cresce);
deixar recém-nascido no escuro
(a bruxa chupa o umbigo); estar de
cachumba e passar por baixo de rédea
de cavalo (a cachumba “desce”...);
deixar roupa pelo avesso (se cobra
picar o dono, ele não escapará
do cemitério); montar em cachorro
(nasce furúnculo no bumbum);
trabalhar na quarta-feira de trevas
(o trabalhador fica “entrevado”).
Há muitas superstições
que falam de gravidez e do “resguardo”,
e o Dr. Hermes de Paula deve saber
muitas delas. Uma mulher grávida
não pode, por exemplo:
- Saltar as pernas de quem nasceu
de um parto difícil (terá
também um); saltar rastro de
cobra (o filho só “rastará”
de barriga); saltar arame (a criança
nascerá enrolada no cordão
do umbigo); saltar cerca (virgem mãe!
Não precisa nem estar grávida...
se for de Minas, morre... ); passar
debaixo de cabresto de animal (a gestação
durará um ano e a criança
já nasce de dentes); olhar
para despertador ( o filho nasce caolho,
de “instalação
trocada”); ir a um lugar e voltar
do meio do caminho ( a criança
na hora de nascer pára no meio
do parto).
Sei também outras coisas que
o povo diz. Por exemplo, ( de novo):
no “resguardo”, a mulher
não pode tomar “friagem”
durante 45 dias e deve andar de meia
curta e com um pano na cabeça,
tapando os ouvidos; as roupas são
mais quentes e, durante a primeira
semana, tomar diariamente chá
de alho. Não pode lavar a cabeça
antes de dois meses depois do parto;
isso pode durar até um ano.
Mulher de “resguardo”
não pode comer: quiabo, carne
de porco e carne de veado, pois são
“remosos”. De carne de
porca não pode nem passar perto.
Não comer também galinha
choca, nanica, de pescoço pelado,
ou que tenha pena nos pés (faz
um mal doido...).
Não sei é como a mulher
vai saber, na hora de comer, que a
galinha estava choca, tinha pescoço
pelado e pena nos pés... No
balcão do “frangote”,
todas vêm tão peladinhas
dentro do plástico... E não
falam nada...