Volta,
Juninho!
Wanderlino
Arruda
Juninho
amigo, queremos a sua volta ao Jornal,
desejamos a sua palavra leve e descontraída
de cada domingo, a crônica cabeça
de página, doce como o sol, clara
como fim de semana. Queremos a sua palavra
da crença e da descrença,
aquela falta de compromisso com a seriedade,
aquele bate-papo de depois de copo de
cerveja, aquele assunto de quem não
deseja ir muito longe, de quem ganha
perdendo ou perde ganhando. Queremos
você, mágico do real, a
escrever aventuras do Olinella, anjo
invisível para a gente do mundo,
e muito tocável para alguns doidos
da nossa espécie, poetas do viver
de sonhos. Queremos você, como
criança, empinando idéias
coloridas como se elas tivessem as caudas
dos papagaios de papel de seda. Queremos
você, leve como o vento, a vencer
barreiras, a transformar o dia e a noite,
quebrando o silêncio e alvoroços,
repetindo fantasias, vibrante de vida,
às vezes alegre, na maioria das
vezes triste.
Você, Juninho, bem sabe o que
é um domingo, de que poesia é
revestida uma manhã depois de
uma noite de sábado. Só
você pode entender o incompreensível,
amar o desamor, colorir o nebuloso,
fazer do nada um universo. Porque só
você, Juninho, sabe unir as doiduras
da vida, falar de coisas pequenas como
se falasse de coisas grandes. Só
você sabe dar importância
às lutas comuns, travestindo-as
em movimentos e imagens, humanizando
tudo, dando aquele toque de luz, que
só o amor sabe corporificar.
Você sabe que escrever não
é nada fácil e quem tem
vocação, como é
o seu caso, não tem direito ao
silêncio ou à inatividade.
Você sabe.
Afinal, o leitor tem direitos que nós
nem podemos julgar.
Este velho Jornal tem amigos que vêm
desde os idos de cinqüenta e um,
no tempo de Luiz Pires, de José
Prates, de Zezinho Fonseca, desde as
polêmicas de João Vale
Maurício e Pedro Santana, das
contundentes discussões sobre
a venda do cemitério da praça
da Catedral. Este Jornal, Juninho, tem
amigos desde o enterro simbólico
do Juscelino, em 53, de quando Oswaldo
Antunes publicava sonetos ao lado da
crônica social de A.R. Peixoto,
de quando Waldyr Sena Batista deixava
o jornal do Tiro de Guerra para enfrentar
a imprensa séria e de hora marcada.
Este JMC, Georgino Jr., tem leitores
desde o meu tempo de Diretório
dos Estudantes, de quando a redação
me cortava mais da metade do que escrevia,
retirando erros e desacertos. Por você
ser novo e não conhecer a história
da cassa não quer dizer que não
tenha compromisso com ela, ora pois.
Venha agora, para o JORNAL DE DOMINGO,
como têm feito Maria Luiza Silveira
Teles, Reivaldo Canela, Waldir Lopes
de Figueiredo, Ângelo Soares Neto,
Sylvia Correia Machado, ao lado de Maria
Câmara, Maire Rosa Mesquita Antunes,
Yvonne de Oliveira e tantos outros.
O Waldir Lopes, manda de S. Paulo a
sua colaboração semanal.
O Ângelo Soares é poeta
montes-clarense da cidade de São
Salvador. Como eles, nós também
devemos aos amigos a nossa participação,
principalmente você. Você,
Georgino Jr., prosador sem prosa.
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