Viver é consagrar-se inteiramente
à vida, acompanha-la em cada
tempo. Viver é uma busca eterna
de aprendizagem, uma aventura interminável,
um sustentar sozinho o mundo inteiro
acertando-se ou contradizendo-se,
sempre em busca da própria
afirmação. Existir é
estar, é ser, é compartilhar
com os outros no aqui e no agora,
uma participação do
que há de melhor no interior
de cada um na alma das outras pessoas.
Viver é comunicar-se, é
o interesse pela vida do próprio
mundo, pelo histórico, pelo
atual. Não há vida isolada,
pois, cada indivíduo, como
o real e o irreal das narrativas,
estará integrado em vários
contextos, personagem menor ou maior
com seus dramas pessoais, suas alegrias,
suas vitórias ou derrotas influenciando
os acontecimentos. Cada indivíduo,
de certo modo, é o centro do
mundo, partindo dele tudo que irá
determinar as outras vidas que lhe
dizem respeito.
Filosofando sobre o complexo ato de
estar na vida, de ser num minutou
ou num espaço maior de fração
da eternidade, é preciso dizer
que o essencial é a forma que
cada um liberta sua personalidade
influenciando, marcando presença,
doando de si mesmo para crescimento
da compreensão, do amor, da
liberdade, da justiça. O importante
é a integridade, o respeito,
a paz. Melhor do que cada tema em
particular é o resultado da
realização da pessoa
como indivíduo e como coletividade.
Do estar consciente, vem a conciliação
e concretização da parte
boa dos sentimentos das emoções,
mesmo que sejam desagradáveis.
As insatisfações apenas
arrastam as angústias e as
injustiças, o contraditório.
Se o mundo se tornou confuso, o indivíduo
terá de tomar pessoalmente
as decisões, fazer suas próprias
escolhas, arriscando errar ou acertar,
porque não há paz total.
Se é inevitável vivermos
sob tensões, aprendamos a viver.
É preciso comparar o amor com
o teatro, um teatro sem platéia,
onde todas participam e o cenário
pode aumentar ou diminuir a intensidade
das emoções. Pena que
nem sempre quando existente a platéia
vai conseguir entender muito bem o
tema de cada peça, normalmente
eterna e universal. E quando não
se entende, vem a distorção,
vem o ódio. É o caso
de pensar na liberdade, na democracia,
que é a ausência de arbítrio,
a não-violência, a presença
da igualdade. É o caso de pensar
que a sociedade está carente
de justiça, farta de violência.
Melhor, porém, é acreditar
com otimismo no futuro.
As idéias expostas, leitor,
não são minhas, embora,
pudessem ser, como também podiam
ser de alguém que aprecie a
plenitude da vida, o realizar e o
sonhar, o estar no mundo sem ser do
mundo. As idéias são
de uma moça maravilhosa, plena
de vida, interessada na paz e na justiça,
uma moça que fala de emoções
e de igualdade, uma jovem que lia
de três a quatro livros por
mês, que tinha preferências
precisas sobre teatro, música,
sobre poesia, que amava a pintura
com toda sua alma. Estas idéias,
leitor, são de uma moça
que acredita na cultura, que lutava
por uma instrução melhor
para todas as pessoas, lendo, escrevendo,
divulgando exemplos, amando a vida,
ilimitada na criatividade. São
afirmativas de quem gostaria de muito
lutar para refazer o mundo, transformando-o
para melhor, mais otimista, mais humano,
um mundo ideal para dar e receber
felicidade.
Que estas idéias sejam exemplo
de que nem tudo está perdido,
que a vida continua, só o bem
permanece, só o amor constrói
o amor que lava a multidão
de pecados. As idéias, leitor
são de uma jovem encantadora,
que, infelizmente, não se encontra
entre nós, no plano físico,
pois, hoje, criatura da eternidade:
Cláudia Maria Athayde Soares.